TERCEIRO ENCONTRO NACIONAL DE ULTRALEVES

Nossa festa desta vez foi em ARAXÁ-MG, conforme decidido no ano passado na festa do CEU.

Aconteceu e foi um sucesso graças à Prefeitura Municipal de Araxá. O envolvimento foi total, desde o Prefeito, Antonio Leonardo Lemos de Oliveira carinhosamente chamado de Toninho por nós e pela maioria dos moradores da cidade tão bem administrada por ele, até o Leandro Haddad, Secretário de Turismo e João Bosco Sena, Secretário de Obras.

Quando cheguei no Aeroporto na terça feira antes do evento, encontrei os três verificando o que ainda tinha que ser feito.

Por um erro meu no planejamento, não previ corretamente o acesso ao páteo de estacionamento para as aeronaves que viriam para o evento e estas teriam que passar pela frente do hangar, o que causaria grande transtorno e até risco para os participantes. Na mesma hora o João Bosco deu ordens para fazer uma táxiway alternativa e no dia seguinte ela estava pronta e operacional.

Na quinta feira cedo chegou o Bernardino de Tupã, crente que seria o primeiro a chegar mas qual não foi sua decepção ao constatar que o Fabio e o Alessandro da AlphaBravo já haviam chegado na terça feira e na quarta feira o Werner Schrappe e o Ely Galesky lá de Curitiba.

Cento e cinco pessoas, entre pilotos e acompanhantes curtiram três dias de agradável convívio ( menos os 2 descontentes). Foram 60 aeronaves que chegaram lá, vindas de 10 estados brasileiros. A maior representação veio de S. Paulo com 32 aeronaves.

Alguns fatos que devem ser destacados pois mostram bem o que imaginamos deva ser o “espírito da coisa”, ou seja: o importante é estarmos juntos uma vez por ano, não importa o sacrifício.

Primeiro os ganhadores dos dois troféus já tradicionais, os que vieram de mais longe.

Gilberto Bitar e sua esposa Naza, vieram de Belém-PA no valente BRAVO 700 PU-GCB. Saíram na terça feira e lá pousaram na quinta. Um detalhe: ele estava com um cálculo renal e veio tomando Buscopan para amenizar a dor. Outro detalhe, ele é um menino. Nasceu em 04/08/1936.

Ele disputou o troféu com o José Patrício Francisco que veio de Natal-RN no seu Pelican (foi ele que ganhou o prêmio no ano passado) e perdeu por apenas 67 NM.

O João Márcio levou o outro troféu pois veio de Natal-RN de ônibus numa viagem que durou 47 horas.

Para os que não queriam gastar dinheiro com a gasolina, o pessoal de Taubaté mostrou que, quando se quer, tudo é possível. O João Elias, o Varejão, o Ivanil e o Luiz Alberto Felício colocaram seus trikes e o girocóptero em um caminhão baú e economizaram uma nota de combustível, além de ganhar tempo. Nem a multa que o Policial Rodoviário queria aplicar por estarem os quatro na boléia do caminhão eles pagaram.

O Mogens Nielsen saiu de Ijui-RS até POA de ônibus e de lá veio de GOL até B.Horizonte. Esqueci de perguntar como chegou até Araxá.

O Roberto Marcondes adiou uma cirurgia e veio de Holambra com a Lisete no seu novo Bravo 700 agora com slot móvel.

O Brancoli e o Poubel de Marica-RJ chegaram lá com seus JETFOX para alegria do Barroso que vê seus “filhotes” realizando grandes proezas.

O João José e a Lia saíram do CEU no Rio na quinta feira com o RV-6, o avião  do João mas voltaram por problemas no motor ( parece que a máquina sabia que o encontro era de ultraleves). Na sexta saíram novamente, desta vez com o ultraleve GOLF P96 da Lia e chegaram, felizes da vida.

Teve também um casal que foi de S.Paulo porque, na semana anterior, quando se inscreviam no curso de ultraleves da EAA-Escola Americanense de Aviação, souberam do evento e fizeram questão de participar.

O Serginho de Peruíbe teve alta do hospital de onde saiu com uma sonda na bexiga. Perguntou ao médico o que NÃO poderia fazer e este lhe disse: não pode andar nem dirigir. Como voar não havia sido proibido, ele voou até Araxá.

Para receber os participantes foi armada uma barraca com capacidade para 200 pessoas e lá foi servido um lanche durante o dia inteiro.

No final da tarde fomos todos para o Hotel Pousada Dona Beja onde tivemos o brifim do evento e as palestras dos doutores Montandon e Tamburini que falaram sobre Medicina de Aviação e Exame de Saúde, respectivamente.

Dali fomos para um dos salões do Hotel onde foi servido um coquetel regado a muita cerveja SKOL patrocinada mais uma vez pelo José Carlos Sabino lá de Governador Valadares.

Na sexta feira fomos cedo para o Aeroporto Romeu Zema onde houve a abertura oficial do evento feita pelo Prefeito Toninho e outras autoridades municipais.

Em seguida fizemos a revoada onde 36 aeronaves sobrevoaram o Grande Hotel no Barreiro e a rampa de vôo livre onde, de acordo com o Ceotto, os pilotos pulam de asa delta e parapente. Cansei de falar pra ele que: quem “pula” é sapo. Pilotos de asa e parapente “decolam” e os paraquedistas “saltam”.

Voltaram todos sãos e salvos, liderados pelo Ceotto no seu Bravo 700 PU-LHC que manteve 80 mph durante o percurso.

Fomos para o Dona Beja onde almoçamos . 

Na parte da tarde alguns voaram e outros fizeram o City Tour para conhecer os pontos turísticos de Araxá.

À noite tivemos o “painel”  onde falamos sobre motores e combustíveis alternativos. Na mesa estavam os Eng. Fernando Almeida e Arthur Mourão e os Irmãos BOCK, idealizadores do motor que leva seu sobrenome e que já foi motivo de reportagem no site da ABUL e na revista Freqüência Livre.

Foi muito interessante pois várias idéias surgiram tendo como objetivo tornar financeiramente viável a fabricação do motor e talvez até uma certificação pelo JAR 22 no CTA.

Presentes estavam o Cmte Costa da Divisão do Aerodesporto do DAC e o Sr. Aldino Graef que trabalha no Centro de Gestão e Estudos Estratégicos que é uma associação de cientistas criada para dar suporte ao Ministério da Ciência e Tecnologia.

Vamos juntos traçar um plano para conseguir apoio para este projeto e, quem sabe, logo teremos boas novas para divulgar.

Após os trabalhos do dia jantamos uma comida mineira no capricho. O Sr Virgílius ( proprietário do Hotel Virgilius)  e seu genro Eduardo ( gerente do Dona Beja) se esmeraram e nos serviram leitão pururuca recheado e uma infinidade de outros pratos, cada um melhor do que o outro.

Antes do jantar nos entretínhamos com um caldinho de feijão “dos deuses” e para acompanhar torresmo e cachaça Dona Beja que eu recomendo.

A música ficou por conta de um cantor que, ao violão cantou sucessos populares e outros.

Durante o jantar, abrimos novamente  a discussão sobre os objetivos e a qualidade desejada por todos para o ENU.

Como disse o Brancoli, foi uma discussão democrática onde cada um expôs seus pontos de vista, contra (uns poucos) e a favor( a maioria). O Brancoli expôs seu ponto de vista muito bem e acho que conseguiu transmitir o pensamento da maioria dos descontentes com o “modelo” de encontro que estamos realizando e que, infelizmente, não estavam presentes para votar. Por aclamação votou-se em manter o padrão do evento.

Colocamos então em discussão o local para nosso encontro em 2004.

O Rosendo apresentou, em nome do Sendesky, a Fazenda do mesmo em Maringá-PR. Eu a conheço e afirmo: é uma ótima opção para nos encontrarmos. Lá cabem mais de 100 aeronaves e ele dispõe de lugar para nossas palestras e refeições. A única inconveniência fica por conta da distância da cidade onde ficaríamos hospedados.

Foz do Iguaçu havia pedido para apresentar uma proposta mas não compareceram para defender sua posição.

Aí o Ceotto fustigou o Camargo da EAA e este apresentou AMERICANA-SP que ganhou por escolha da  maioria presente.

Logo começaremos a divulgar a programação e a data do 4o ENU que, em princípio será em JUN 2004.

No sábado saímos cedo de volta para o campo para decolarmos na segunda revoada do evento, desta vez com pouso em SNJW que é uma pista asfaltada distante 70 km de Araxá, às margens da Represa de Jaguara que pertence à CEMIG.

Lá, às margens do lago, comemos um excelente churrasco servido pelo Pacheco em seu restaurante.

O deslocamento foi feito nas aeronaves e , quem estava a pé, foi num ônibus e numa VAN.

Quem esnobou foi o GERARD MOSS que, acompanhado pela sua Margi, pousou seu Lake anfíbio PT-WAF no lago em frente ao restaurante.

O lugar é sensacional e todos ficamos imaginando o 5o ENU por lá. A idéia surgiu quando encontrei na estação do aeroporto o André Laghi, sócio da ABUL e voador de paramotor e flyboat que mora num dos condomínios que se situam ao redor do lago. Ele prometeu agitar e apresentar a proposta lá em Americana no ano que vem. Durante o almoço um assessor do prefeito local veio falar conosco e depois, no aeroporto, o Secretário de Turismo reforçou o interesse da prefeitura em apoiar o evento.

Eu fui com a minha namorada no C206 do Camargo, junto com o próprio e seu filho Caio e  o Ten Av Garbin e sua esposa. Lembrei dos meus tempos de garimpo quando comecei a voar com um C206.

Voltamos para  Araxá para assistir as acrobacias do Berguinho e do Marcus no Christen Eagle PT-ZMG do Aeroclube de Minas Gerais.

Às 18:30, novamente no Hotel Dona Beja, nos deliciamos com a palestra do Gerard Moss que nos contou sua volta ao mundo num motoplanador, sobre a qual a Margi escreveu o livro Asas do Vento. Aliás, quem ainda não leu o livro nem viu a fita ou o CD-ROM não imagina o que está perdendo.

Tivemos então nosso jantar dançante animado pela Banda Mistura Fina comandada pela simpática Karina, colega de trabalho e médica como o Dr Avenor Montandon, nosso RRABUL e MCABUL em Araxá ao qual devemos tudo. Deixei pra falar nele mais para o final só pra fustigar. Como foi escrito na placa que lhe oferecemos, somente o seu amora a Araxá e dedicação à aviação, herança de família que é tradicional na aviação mineira, tivemos este evento da forma como foi feito. O apoio da Prefeitura de Araxá citado anteriormente, foi obtido pela amizade e respeito que existe entre ele e os administradores da cidade. O “VOVÔVIÃO” , como o chama seu neto Lucas, filho do Sancho que também muito nos ajudou, merece toda nossa gratidão.

A Prefeitura de Araxá não tem Guarda Civil e a PMEMG não dispunha de efetivo suficiente para fazer a segurança externa e interna, assim tivemos que contratar uma empresa particular.

Organizar um evento deste porte e com estas características ( participantes e público assistente) é bastante complicado. Tínhamos que definir a área operacional ( onde há movimento de aeronaves) e limitar o acesso a esta área aos pilotos, mesmo assim, impedindo em certos momentos a circulação livre, sob o risco de termos um acidente.

Como disse, foi armada uma grande barraca com cadeiras, para o conforto dos participantes inscritos no evento. Tínhamos então uma outra área delimitada para os participantes e não acessível para os visitantes.

Segurar o público que quer chegar junto aos pilotos e às aeronaves também causa desgaste pois mesmo nas horas em que não há movimento no páteo de estacionamento, corremos o risco de algum ato de vandalismo com prejuízo para o proprietário da aeronave se não houver controle.

O Ceotto organizou com voluntários do Aeroclube de Araxá e alunos do Curso de Ciências Aeronáuticas, uma “visitação controlada” onde um guia levava um grupo de 5 pessoas para visitar as aeronaves e as devolvia à área reservada ao público. Isto funcionou nos dois primeiros dias. No sábado, quando voltamos do almoço na Represa de Jaguará, este espaço reservado aos participantes estava completamente tomado pelo público e não tínhamos uma sombra nem onde sentar.

Por ser mais prático, concentramos todo o evento social num hotel que possuía os salões necessários e disponíveis para nossos brifins e palestras. Neste hotel havia disponibilidade de aptos para alojar até 300 pessoas, desde que a reserva fosse feita com antecedência. Como não houve esta antecipação, tínhamos pessoas em 5 hotéis diferentes e isto dificultou  nosso trabalho de coordenar as 5 vans e o micro ônibus que contratamos para deslocar todos os participantes de e para o aeroporto.

Alguns pilotos pousaram em Araxá sem estarem inscritos no evento e, infelizmente ficaram decepcionados pois não puderam almoçar conosco nem usufruir das ótimas  palestras que tivemos. Fomos obrigados a controlar o acesso para evitar que um número de pessoas a mais prejudicasse a qualidade do serviço contratado e prestado.

Muitas pessoas se inscreveram no dia e isto só foi possível porque contratamos os eventos para uma quantidade de participantes maior do que tínhamos realmente inscritos na data da definição de números que aconteceu bem antes da abertura do ENU.

Muitos trabalharam para que a festa fosse um sucesso, e a todos agradeço pela dedicação. O pessoal da ABUL, encabeçados pelo Santana foi incansável e fizeram muito mais do que a obrigação. Foi, como disse o Montandon , uma "gestação" onde trabalhamos 9 meses.

Semana que vem o Ceotto já vai reunir-se com o Camargo para começarmos a planejar o  4o ENU que acontecerá em Americana-SP. Vamos ter mais tempo desta vez. Aguardem notícias.

  G. Albrecht