ENU - Quanto custa deixar de ir Abril de 1983. Estou em Americana. Acabo de terminar meu curso de pára-quedismo em São Paulo e estou ansioso pelo primeiro salto. Nada de especial: salto baixo, abertura automática, reserva ventral, incômodo, velame redondo, sem performance. Era o que havia na época, para quem quisesse começar. Ainda não havia salto duplo, ou curso AFF, nada das modernidades de agora. Era quase enfadonho. E no final de semana seguinte, lá estava eu de novo. Com mais experiência, o pára-quedismo viraria outro esporte. Fiz bem em insistir. Pára-quedas de alta performance, saltos altos e prazerosos, competições, agora sim. O esporte era compensador, e trazia realmente o prazer que nos parece nas propagandas de televisão. Anos depois, alguns me perguntavam por que eu não desisti no início; por que motivo, afinal, eu saía de São Paulo e dedicava meus finais de semana a esses primeiros saltos que não chegavam a agradar tanto ? É simples: pelos amigos. Eu estava lá menos pelos saltos e mais pelos amigos, pessoas de quem gostava e gosto, como o Barão, Gaúcho, Ricardo e Marcos Pettená, Neves, e tantos outros. Aprendendo muito e me divertindo muito com eles. Maio de 2003. Vinte anos depois, aqui estou novamente no aeroporto de Americana. Conhecendo o vôo fácil e sem burocracia dos ultraleves, me interesso pelo curso da EAA. Agora venho com a Annaisa, que, companheira, faz o curso também, e será a primeira aluna formada pela escola. Soubemos então que estávamos a poucos dias do Encontro Nacional, e mesmo antes da primeira aula, resolvemos ir ao ENU. E claro, não faltou quem perguntasse o motivo. Afinal, sem mesmo saber se vamos gostar ? Lembrei-me do pára-quedismo, e a resposta é a mesma: agora é a melhor hora de saber se vamos gostar, conhecendo as pessoas que já praticam esta atividade. Em Araxá, ao conhecer a hospitalidade de pessoas como Ceotto, Albrecht, Brancoli, Mogens, Camargo e tantos outros, amigos e professores, percebi que estava em casa. E foi lá em Araxá que também conheci pessoalmente um dos ícones de nossa aviação. O que me impressionou em Fernando Almeida foi o seu carisma, além do bom humor de quem sabe muito e por isso está sempre à vontade. Isso me faz lembrar uma discussão surgida na Internet, poucos dias antes do ENU: - Porque a inscrição não era das mais baratas. Discutíamos o preço para ir ao ENU. Hoje, quem não foi, percebe quanto custou deixar de ir.
Pedro Drummond |